terça-feira, 13 de novembro de 2012

Onça pintada

Onça-pintada Origem: Wikipédia, a enciclopédia livre. Onça-pintada Ocorrência: Pleistoceno - Recente Onça-pintada Estado de conservação Quase ameaçada (IUCN 3.1) [1] Classificação científica Reino: Animalia Filo: Chordata Classe: Mammalia Ordem: Carnivora Família: Felidae Género: Panthera Espécie: P. onca Nome binomial Panthera onca (Linnaeus, 1758) Distribuição geográfica A Wikispecies tem informações sobre: Onça-pintada A onça-pintada (Panthera onca), também conhecida como onça, pintada, onça-verdadeira, jaguar, jaguarapinima, jaguaretê, acanguçu, canguçu ou onça-preta (os dois últimos termos, somente no caso dos indivíduos melânicos[2])[3], é uma espécie de mamífero carnívoro da família Felidae encontrada nas Américas. É o terceiro maior felino do mundo, após o tigre e o leão, e o maior do continente americano. Ocorria nas regiões quentes e temperadas, desde o sul dos Estados Unidos até o norte da Argentina, estando, hoje, porém, extinta em diversas partes dessa região. Nos Estados Unidos, por exemplo, está extinto desde o início do século XX. Se assemelha ao leopardo fisicamente, se diferindo desse, porém, pelo padrão de manchas na pele e pelo tamanho maior. As características do seu comportamento e do seu habitat são mais próximas às do tigre. Seu habitat preferido é a densa floresta tropical, sendo, porém, também encontrado em terrenos abertos. A onça-pintada está fortemente associada com a presença de água e é notável, juntamente com o tigre, como um felino que gosta de nadar. É, geralmente, solitária. É um importante predador, desempenhando um papel na estabilização dos ecossistemas e na regulação das populações de espécies de presas. Tem uma mordida excepcionalmente poderosa, mesmo em relação aos outros felinos. Isso permite que ela fure a casca dura de répteis como a tartaruga e de utilizar um método de matar incomum: ela morde diretamente através do crânio da presa entre os ouvidos, uma mordida fatal no cérebro[carece de fontes]. Está ameaçada de extinção e seu número está em queda. As ameaças à espécie incluem a perda e a fragmentação do seu habitat. Embora o comércio internacional de onças ou de suas partes esteja proibida, o felino ainda é frequentemente morto por seres humanos, particularmente em conflito com fazendeiros e agricultores. A onça faz parte da mitologia de diversas culturas indígenas americanas, incluindo a dos maias, astecas e guarani. Na mitologia maia, apesar de ter sido cotada como um animal sagrado, era caçada em cerimônias de iniciação dos homens como guerreiros. Índice [esconder] 1 Etimologia 2 Taxonomia 3 Distribuição Geográfica e Habitat 4 Características Físicas 5 Ecologia e Comportamento 5.1 Dieta e Hábitos Alimentares 5.2 Reprodução 6 Conservação 7 Aspectos Culturais 8 Referências 9 Ver também 10 Ligações externas [editar]Etimologia "Onça" origina-se do termo grego lygx, através do termo latino luncea e do termo italiano lonza[4]. "Pantera" origina-se do termo grego pánther, através do termo latino panthera[5]. "Jaguar" origina-se do termo tupi îagûara[6]. "Jaguaretê" origina-se da língua tupi, significando "onça verdadeira", através da junção de îagûara ("onça") e eté ("verdadeiro")[7]. "Acanguçu" e "canguçu" originam-se do termo tupi akãgu'su, que significa "cabeça grande"[8], através da junção de akanga ("cabeça")[9] e usu ("grande")[10]. "Jaguarapinima" vem do tupi ya'wara ("onça') pi'nima ("pintada")[11]. [editar]Taxonomia A onça-pintada é o único membro do gênero Panthera no Novo Mundo. Filogenias moleculares evidenciaram que o leão, o tigre, o leopardo, o leopardo-das-neves e o leopardo-nebuloso compartilham um ancestral em comum exclusivo, e esse ancestral viveu entre seis e dez milhões de anos atrás; o registro fóssil aponta o surgimento do gênero Panthera entre dois e 3,8 milhões de anos atrás[12][13]. Estudos filogenéticos geralmente mostram o leopardo-nebuloso como um táxon basal[12]. Baseado em evidências morfológicas, o zoológo britânico Reginald Pocock concluiu que a onça-pintada é mais próxima ao leopardo[14]. Entretanto, filogenias baseadas em DNA são inconclusivas à posição da onça-pintada em relação às outras espécies do gênero[12]. Fósseis de espécies extintas do gênero Panthera, como o jaguar-europeu (Panthera gombaszoegensis) e o leão-americano (Panthera atrox), mostra características tanto da onça-pintada quanto do leão[14]. Análise do DNA mitocondrial apontam para o surgimento da espécie entre 280.000 e 510.000 anos atrás, bem depois do que é sugerido pelo registro fóssil. [editar]Distribuição Geográfica e Habitat Historicamente, a distribuição da onça-pintada se estendia do sudoeste dos Estados Unidos até Argentina, na província de Río Negro.[1] Ocorria em todos os países continentais das Américas Central e do Sul, exceto pelo Chile. Diversos fatores causaram a extirpação da espécie de muitas áreas da distribuição original. Foi extinta em El Salvador e no Uruguai, e possui distribuição limitada no México, Guatemala e Argentina.[15] Nos Estados Unidos, ocorria nos estados da Califórnia, Arizona, Novo México, Texas e possivelmente Louisiana, com o limite norte do território chegando até o Grand Canyon.[16] Os últimos registros na Califórnia, Texas e Louisiana foram feitos no final dos anos de 1800 ou começo dos 1900. Entretanto, ainda persiste marginalmente à fronteira com o México, no sudeste do Arizona e sudoeste do Novo México.[16] Mais da metade da população total se encontra no Brasil. No Brasil, os estados em que a onça-pintada existe são: Acre, Amazonas, Amapá, Bahia, Ceará, Espírito Santo, Goiás, Maranhão, Minas Gerais, Mato Grosso do Sul, Mato Grosso, Pará, Piauí, Paraná, Rio de Janeiro, Rondônia, Roraima, Rio Grande do Sul (Parque Estadual do Turvo, aproximadamente de quatro a seis exemplares), Santa Catarina, São Paulo e Tocantins. A onça pode ser encontrada em vários tipos de habitat. Entre os principais, estão pastagens, florestas tropicais de planície e de montanha, arbustais, florestas decíduas temperadas, florestas de monção e secas e savanas tropicais.[17] Seu habitat preferencial são zonas florestais densas, sendo fortemente influenciada por regiões com corpos de água frequentadas por suas presas preferidas. Já foram encontradas em elevações de até 3 800 metros, mas, normalmente, evitam altas altitudes, não ocorrendo no planalto mexicano ou nas altas montanhas andinas, por exemplo. [editar]Características Físicas Ficha técnica[18] Peso 90 - 120 kg (Machos) 60 - 90 kg (Fêmeas) Comprimento (média) 1,120 - 1.850 mm Cauda (média) 450 - 750 mm Tamanho de ninhada 2 - 4 Gestação 93 - 105 dias Desmame 3 meses Maturidade sexual 3 - 4 anos (Machos) 2 anos (Fêmeas) Longevidade (média) 12 - 15 anos A cabeça da onça é robusta e a mandíbula extremamente poderosa. Um jaguar melanístico. Esta é uma metamorfose de cores que ocorre em cerca de seis por cento de frequência nas populações. Um exame detalhado mostra que a padronagem de seu pelo apresenta diferenças significativas em relação à do leopardo. Este apresenta rosetas menores mas em maior quantidade, enquanto que as manchas da onça são mais dispersas e desenham uma roseta maior, algumas delas com pontos pretos no meio. O interior dessas manchas é de um dourado/amarelo mais escuro que o restante da pelagem. Existem também alguns indivíduos melânicos, as chamadas onças-pretas. Elas não pertencem a uma outra espécie. Suas manchas ainda são facilmente reconhecíveis na pelagem escura. Trata-se de uma mutação genética na qual os indivíduos produzem mais melanina do que o normal, o que provoca um maior escurecimento da pelagem desses animais. A cabeça da onça é proporcionalmente maior em relação ao corpo do que o leopardo. Um exemplar adulto alcança até 2,60 metros de comprimento, chegando a pesar em torno de 115 quilogramas, embora, em média, os machos pesem noventa quilogramas e as fêmeas, 75 quilogramas. A altura da cernelha é de, aproximadamente, setenta centímetros, sendo o maior felino das Américas. A onça-pintada é o maior mamífero carnívoro do Brasil e necessita de, pelo menos, dois quilogramas de alimento por dia, o que determina a ocupação de um território de 25 a oitenta quilômetros quadrados por cada indivíduo a fim de possibilitar capturar uma grande variedade de presas. A onça seleciona naturalmente as presas mais fáceis de serem abatidas: em geral, indivíduos inexperientes, doentes ou mais velhos, o que pode resultar como benefício para a própria população de presas. Apesar de ser tão temida, foge da presença humana e mesmo nas histórias mais antigas, são raros os casos de ataque ao ser humano. [editar]Ecologia e Comportamento [editar]Dieta e Hábitos Alimentares A onça-pintada é o único felino que é capaz de perfurar o casco de uma tartaruga[19] [20]. A onça-pintada é uma excelente caçadora. As patas curtas não lhe permitem longas corridas, porém lhe proporcionam grande força, fundamental para dominar animais possantes como antas, capivaras, queixadas, tamanduás, jacarés etc. Ocasionalmente, esses felinos atacam e devoram grandes serpentes (jiboias e sucuris), em situações extremas. Na Venezuela, foram registrados casos de onças a devorar sucuris adultas. Enquanto os outros grandes felinos matam suas vítimas, mordendo-as no pescoço, a onça o faz atacando-as diretamente na cervical, graças a suas mandíbulas poderosas, as mais fortes de todos os felinos e a segunda mais forte entre os carnívoros terrestres. Esses felinos frequentemente matam animais como a capivara e pequenos macacos mordendo lhes o crânio, sendo o único felino a fazer isto. A mordida de uma onça pode facilmente atravessar o casco de uma tartaruga. Apesar disso, a onça não se furta em comer pequenos animais se a chance lhe aparece. [editar]Reprodução Onça fêmea pegando o seu filhote. As onças-pintadas são solitárias e só buscam a companhia de um par durante a época de acasalamento. A gestação dura em média 100 dias e até quatro filhotes podem ser gerados. Os machos atingem a maturidade sexual em torno dos três anos, e as fêmeas, com dois anos. Em cativeiro, as onças vivem até os vinte anos; já a expectativa de vida para as onças selvagens cai pela metade. Na época reprodutiva, as onças perdem um pouco os seus hábitos individualistas e o casal demonstra certo apego, chegando inclusive a haver cooperação na caça. Normalmente, o macho separa-se da fêmea antes dos filhotes nascerem. Em geral nascem, no interior de uma toca, dois filhotes - inicialmente com os olhos fechados. Ao final de duas semanas abrem os olhos e só depois de dois meses saem da toca. Quando atingem de 1,5 a 2 anos, separam-se da reprodutora, tornando-se sexualmente maduros e podendo assim se reproduzirem. [editar]Conservação Onça-preta Atualmente, é classificada, pela União Internacional para a Conservação da Natureza e dos Recursos Naturais, como "Quase Ameaçada", visto sua ampla distribuição geográfica[1]. A caça é proibida na maior parte dos países onde ocorre a espécie: Argentina, Colômbia, Guiana Francesa, Honduras, Nicarágua, Panamá, Paraguai, Venezuela, Estados Unidos e Uruguai; sendo que a caça de "animais problemas" (aqueles que atacam o gado doméstico) é permitida no Brasil, Costa Rica, Guatemala, México e Peru[21]. Na Guiana e no Equador, a espécie carece de proteção legal [21]. Estudos detalhados realizados pela Wildlife Conservation Society mostraram que a espécie perdeu 37 % da sua distribuição histórica, e possui um status de conservação desconhecido em 17% da sua área de ocorrência atual. Encorajador para a conservação da espécie, é de que a probabilidade de sobrevivência a longo prazo é considerada alta em 70% de seu habitat, notadamente nas regiões da Amazônia, do Gran Chaco e do Pantanal [22]. As maiores ameaças a onça-pintada são a fragmentação de seu habitat e a caça [1]. Em áreas mais antropizadas, atropelamentos em rodovias que cortam unidades de conservação são também fatores que diminuem significativamente as populações.[23][24] A caça para obtenção para o comércio de peles já foi um grande problema na conservação da espécie: na década de 1960, houve uma diminuição significativa no número de indivíduos, pois anualmente mais de 15 000 peles foram exportadas ilegalmente da Amazônia Brasileira. A implementação da Convenção sobre o Comércio Internacional das Espécies da Fauna e da Flora Silvestres Ameaçadas de Extinção, em 1973, resultou numa forte queda do comércio de peles [25]. Entretanto, é a caça por parte de fazendeiros, que considera o animal uma ameaça às criações de gado, uma das atividades que mais tem contribuído para extinções locais da espécie [21]. Em áreas próximas a grandes populações humanas, como em Guaraqueçaba, as onças-pintadas acabam mostrando uma preferência pelo gado doméstico, talvez por uma diminuição na densidade populacional de suas presas habituais, o que acaba incomodando os criadores de gado.[26] Suas populações variam bastante ao longo de toda sua distribuição geográfica, tal como seu grau de extinção. Em Belize, estimou-e que existiam cerca de 600 a 1000 onça no país; no México, há variação do grau de conservação ao longo do país , sendo que em 1990 por exemplo, na província de Chiapas haviam 350 onças; e por fim, existiam entre 465-550 na Reserva da Biosfera Maya na Guatemala[21]. No Brasil, é considerada "Vulnerável" pela lista do IBAMA, entretanto, seu status de conservação varia pelo país, sendo considerada "Criticamente em Perigo" no estados de São Paulo, Minas Gerais, Espírito Santo e Rio de Janeiro [27][28], o que alerta para uma extinção da espécie nesses estados em um futuro muito próximo. As maiores populações brasileiras encontram-se na Amazônia e no Pantanal (apesar dos dados serem insuficientes e difíceis de se obter), sendo que em outros biomas, como na Caatinga (com uma estimativa de 356 animais no total) e Mata Atlântica, a situação é crítica[29][28]. Na Mata Atlântica, a espécie está restrita a unidades de conservação, e em número muito reduzido: no Parque Nacional do Iguaçu, um dos últimos locais no sul do Brasil onde ela ainda é encontrada, estima-se que existam no máximo 12 indivíduos [24]. As estratégias de conservação da onça-pintada são dificultadas pela intensa fragmentação de seu hábitat em algumas regiões. Algumas unidades de conservação em que existem onças estão isoladas e abrigam um número muito reduzido de indivíduos. É necessário que se criem "corredores" unindo tais unidades de conservação, impedindo, inclusive, que os animais precisem sair de áreas florestadas e causar problemas às populações rurais [30][22][31]. Foi criada a iniciativa, idealizada por Alan Rabinowitz, de que se una todas as áreas de ocorrência da onça-pintada, desde o norte do México até a América do Sul, constituindo o chamado Paseo del Jaguar [31][30]. [editar]Aspectos Culturais Guerreiro jaguar da cultura asteca. Jaguar Moche (300 a.C.), no Museu Larco, em Lima, no Peru. Na América Central e do Sul pré-colombiana, a onça foi um símbolo de poder e força. Na América Central, aparece na cultura de diversos povos, como os astecas, maias, olmecas, toltecas e zapotecas.[15] Entre as culturas andinas, o culto ao jaguar foi disseminado pela cultura Chavín e passou a ser aceito na maior parte do que é hoje o Peru a partir de 900 a.C. A cultura Moche, do norte do Peru, utilizava a onça como símbolo de poder em muitas das suas cerâmicas.[32] Na Mesoamérica, a cultura Olmeca, precoce e influente na região da Costa do Golfo, aproximadamente contemporânea da cultura Chavín, desenvolveu um distinto "homem-jaguar" motivo de esculturas e figuras que mostram onças estilizadas ou seres humanos com características de onça. Na civilização maia, acreditava-se que a onça-pintada facilitava a comunicação entre os vivos e os mortos e protegia a família real. Os maias viam esses felinos poderosos como os seus companheiros no mundo espiritual. Uma série de governantes maias tinham nomes que incorporavam a palavra maia para a onça-pintada, b'alam. A civilização asteca compartilhou essa imagem do jaguar como representante do governador e como guerreiro. Os astecas formaram uma classe de guerreiros de elite conhecidos como guerreiros jaguares. Na mitologia asteca, a onça-pintada foi considerado o animal totêmico do poderoso deus Tezcatlipoca.

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