terça-feira, 13 de novembro de 2012

Lampreia

As lampreias são ciclóstomos de água doce ou anádromas com forma de enguias, mas sem maxilas. A boca está transformada numa ventosa circular com o próprio diâmetro do corpo, reforçada por um anel de cartilagem e armada com uma língua-raspadora igualmente cartilaginosa. Várias espécies de lampreia são consumidas como alimento.[1] As lampreias são classificadas no clade Hyperoartia, dentro do filo Chordata, por oposição aos Gnathostomata, que incluem os animais com maxilas. Todas as espécies conhecidas são agrupadas na classe Petromyzontida ou Cephalaspidomorphi, na ordem Petromyzontiformes e na família Petromyzontidae. Ver também.[2] Algumas espécies de lampreias têm um número de cromossomas que é recorde entre os cordados, chegando a 174. A larva ammocoetes tem um tamanho máximo de 10 cm, enquanto que os adultos podem ultrapassar 120 cm. Índice [esconder] 1 Anatomia 2 Reprodução 3 Desenvolvimento larval 4 Ecologia 5 Uso humano 6 Taxonomia[2] 7 Espécies extintas 8 Referências [editar]Anatomia Anatomia da lampreia As lampreias possuem no topo da cabeça um "olho pineal" translúcido e, à frente, uma única "narina", o que é um caso único entre os vertebrados actuais (embora se encontre em alguns fósseis). Esta "narina" também é chamada abertura naso-hipofisial, uma vez que liga ao órgão do olfacto e a um tubo cego que inclui a glândula pituitária ou hipófise. Pensa-se que este tubo seja um resíduo do canal nasofaringeal das mixinas, com quem a lampréia tem algumas características em comum.[3] Os olhos são relativamente grandes, estão equipados de cristalino, mas não possuem músculos oculares intrínsecos, como os restantes vertebrados. Por trás deles, abrem-se sete fendas branquiais. Uma outra característica deste grupo de peixes é a inexistência de verdadeiros arcos branquiais – a câmara branquial é reforçada externamente por um cesto branquial cartilagíneo (ver figura na página Craniata). Boca da lampreia A ventosa que forma a boca da lampreia funciona como tal através dum complexo mecanismo que age como uma bomba de sucção: inclui um pistão, o velum e uma depressão na cavidade bucal, o hydrosinus. As lampreias não têm um esqueleto mineralizado, mas encontram-se regiões de cartilagem calcificada no seu endoesqueleto. O crânio é composto por placas cartilagíneas, como o das mixinas, mas é mais complexo e inclui uma verdadeira caixa craniana onde está alojado o cérebro.[1] A coluna vertebral é basicamente formada pelo notocórdio, tal como as mixinas, mas nas lampréias existem pequenos reforços cartilagíneos, os arcualia dorsais. [editar]Reprodução Lampreia marinha Tanto as lampréias marinhas como as de água doce se reproduzem em rios. A sua vida larvar (ver abaixo), que pode durar até sete anos, é sempre passada no rio onde nascem. A certa altura, elas sofrem uma metamorfose e transformam-se em adultos.[1] As espécies anádromas migram para o mar depois da metamorfose, onde se desenvolvem e atingem a maturação sexual. Este processo pode durar um ou dois anos. Quando atingem a maturidade sexual, as lampréias entram num rio, reproduzem-se e morrem. Cada fêmea gera milhares de ovos pequenos e sem reservas nutritivas. Os ovos são enterrados em "ninhos" cavados no fundo do rio. [editar]Desenvolvimento larval As lampreias sofrem um desenvolvimento larvar que pode durar até sete anos, passando-se sempre em água doce. A larva, denominada ammocoetes, não tem ventosa e os olhos são pouco desenvolvidos. A câmara branquial não é fechada e a larva alimenta-se capturando pequenas partículas orgânicas com uma fita de muco produzida na faringe. Para promover o fluxo de água, o ammocoetes possui entre a boca e a faringe um sistema de bombagem anti-refluxo com duas válvulas, o velum que nos adultos não toma parte na respiração. O esqueleto da cabeça do ammocoetes é composto dum tecido elástico, a muco-cartilagem que, durante a metamorfose dá origem a uma variedade de tecidos, entre os quais a verdadeira cartilagem. [editar]Ecologia As lampreias encontram-se principalmente em águas temperadas, tanto no hemisfério norte, como no sul. Algumas espécies são parasitas, fixando-se a outros peixes, cuja pele abrem com a sua língua-raspadora e sugam-lhes o sangue. Esta é também uma forma de se deslocarem. A ventosa bucal também lhes serve para se agarrarem a pedras ou vegetação aquática para descansarem. Por esta razão, em alguns locais da Europa são conhecidas por suga-pedra ("stone-sucker" em inglês). As lampreias, principalmente a larva ammocoetes, são usadas como isco na pesca. No entanto, em alguns países (como Portugal, por exemplo), os adultos são considerados uma especialidade culinária. A poluição dos rios, à qual as larvas são especialmente sensíveis, tem sido a causa da sua quase extinção em muitos rios da Europa. Existem registos fósseis de lampreias desde o período Carbónico superior, com cerca de 280 milhões de anos de idade. [editar]Uso humano Arroz de lampreia (Portugal). Algumas espécies de lampreias são usadas como alimento. No sul da Europa, sobretudo em Portugal, Espanha e França, a lampreia é tida por iguaria requintada, sendo vendida nos restaurantes a preços muito elevados.[4] Em Portugal, a lampreia é comida sobretudo em arroz de lampreia, com uma confecção próxima da cabidela, e à bordalesa, um guisado normalmente acompanhado de arroz. Alguns restaurantes e casas fazem-na também assada no espeto, e outros ainda fazem-na de escabeche. Em Portugal, a lampreia é comida de finais de Janeiro a meados de Abril. [editar]Taxonomia[2] Subfamilia Geotriinae Gênero Geotria lampreia de bolsa, Geotria australis (Gray,1851) Subfamília Mordaciinae Gênero Mordacia Mordacia lapicida (Gray, 1851) Mordacia mordax (Richardson, 1846) Mordacia praecox (Potter, 1968) Subfamília Petromyzontinae Gênero Caspiomyzon Caspiomyzon wagneri (Kessler, 1870) Gênero Eudontomyzon Eudontomyzon danfordi (Regan, 1911) Eudontomyzon hellenicus (Vladykov, Renaud, Kott e Economidis, 1982) Eudontomyzon mariae (Berg, 1931) Eudontomyzon morii (Berg, 1931) Eudontomyzon stankokaramani (Karaman, 1974) Eudontomyzon vladykovi (Oliva e Zanandrea, 1959) Gênero Ichthyomyzon Ichthyomyzon bdellium (Jordan, 1885) - lampreia de Ohio Ichthyomyzon castaneus Girard, 1858 - chestnut lamprey Ichthyomyzon fossor (Reighard e Cummins, 1916) - northern brook lamprey Ichthyomyzon gagei (Hubbs e Trautman, 1937) - southern brook lamprey Ichthyomyzon greeleyi (Hubbs e Trautman, 1937) - mountain brook lamprey Ichthyomyzon unicuspis (Hubbs e Trautman, 1937) - lampreia de prata Gênero Lampetra Lampetra aepyptera (Abbott, 1860) - least brook lamprey Lampetra alaskensis (Vladykov e Kott, 1978) Lampetra appendix (DeKay, 1842) - American brook lamprey Lampetra ayresii (Günther, 1870) Lampetra fluviatilis (Linnaeus, 1758) - Lampréia do rio Lampetra hubbsi (Vladykov and Kott, 1976) - Kern brook lamprey Lampetra lamottei (Lesueur, 1827) Lampetra lanceolata (Kux e Steiner, 1972) Lampetra lethophaga (Hubbs, 1971) - Pit-Klamath brook lamprey Lampetra macrostoma (Beamish, 1982) - lampréia de Vancouver Lampetra minima (Bond e Kan, 1973) - Miller Lake lamprey Lampetra planeri (Bloch, 1784) - lampréia do riacho Lampetra richardsoni (Vladykov e Follett, 1965) - western brook lamprey Lampetra similis (Vladykov e Kott, 1979) - Klamath lamprey Lampetra tridentata (Richardson, 1836) - lampreia-do-pacífico Gênero Lethenteron Lethenteron camtschaticum (Tilesius, 1811) Lethenteron japonicum (Martens, 1868) Lethenteron kessleri (Anikin, 1905) Lethenteron matsubarai (Vladykov e Kott, 1978) Lethenteron reissneri (Dybowski, 1869) Lethenteron zanandreai (Vladykov, 1955) Gênero Petromyzon Petromyzon marinus (Linnaeus, 1758) - lampreia do mar Gênero Tetrapleurodon Tetrapleurodon geminis (Alvarez, 1964) Tetrapleurodon spadiceus (Bean, 1887) [editar]Espécies extintas Mesomyzon mengae Hardistiella montanensis Mayomyzon pieckoensis Priscomyzon riniensis

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